1846–1848
O período de inatividade forçada de Verdi era necessário não apenas para sua saúde, mas bem possivelmente para seu futuro como compositor, pois ele se encontrava agora num estado de exaustão nervosa, a que seu temperamento o tornava particularmente vulnerável, e que havia sido apressado e exacerbado pelo peso dos compromissos que ele havia assumido e pela consequente necessidade de compor em grande velocidade. Seus amigos o visitavam e ocasionalmente ele se aventurava a sair para o campo, mas sempre jantava em casa e ia dormir cedo.
No caso de um profissional ocupado como Verdi, uma súbita e prolongada falta de vontade, ou incapacidade de trabalhar é sintomática de algo mais que um simples fingimento de doença. Afirmar que Verdi queria simplesmente se livrara de compromisso indesejável é deixar de compreender por completo um temperamento criativo. Verdi não era nenhum rapazinho simples da província, saudável no corpo e na mente. Ele tinha sua cota razoável da esquizofrenia do artista, não era apenas o compones saudável ladino e cheio de bom senso, mas também o músico melancólico, languido, e pessimista. As gargantas irritadas e as dores de cabeça, os problemas estomacais, todos psicossomáticos, eram sofridos pelo músico: os acessos de irritação do músico eram aturados pelo camponês.