quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

 1850–1851


Os dois compromissos que Verdi tinha de honrar em 1850 eram escrever uma ópera para seu editor, Ricordi e outra para o teatro La Fenice de Veneza. A ópera para Ricordi deveria ser entregue no outono e seria responsabilidade do editor encaixá-la num teatro. Isso não representava problema, uma vez que qualquer teatro de ópera italiana ficaria encantado em produzir uma nova obra do principal compositor da época. O próprio compositor parece não ter se importado em saber a que teatro Ricordi ofereceria a ópera contanto que não fosse o LA SCALA.


Foi em março que Verdi aceitou a encomenda de escrever uma ópera a ser encenada no ano seguinte no teatro La fenice. Quando assinou um contrato em 28 de abril, no entanto, o tema da ópera ainda não havia sido escolhido. O veneziano Piave deveria ser o libretista e sugeriu alguns temas entre eles uma peça francesa, STIFFELIUS, e Le Comte Herman, de Dumas. VERDI, conheceu Le Comte Herman e o considerava inadequado para uma ópera. STIFFELIUS, era-lhe desconhecido, por isso pediu a Piave que enviasse um resumo da peça. Pessoalmente achava improvável que descobrissem algum propósito melhor do que Gusmano il Buono, adaptação de uma peça espanhola.


Piave enviou imediatamente a Verdi uma sinopse de STIFFELIUS, peça que ele assistira que era uma tradução italiana de le pasteur um drama de dois escritores franceses, Emile Souvestre e Eugene Bourgeous. 


Animado com a perspectiva de compor para Veneza sua ópera baseada em Victor Hugo Verdi decidiu-se por Stiffelius como a obra que escreveria para RICORDI, esta deveria ser encenada no outono, no teatro grande de trieste por isso tornara-se agora a obrigação mais permanente. Piave produziu o seu libreto rapidamente e Verdi passou meses do verão escrevendo a ópera cujo titulo se tornou STIFFELIO.


Com uma ópera sobre as dificuldades conjugais de um ministro protestante, Stiffelio, o pastor, descobre que sua mulher lina lhe foi infiel, com o passar do tempo a perdoa, mas não antes de seu sogro haver matado num duelo o homem que a seduziu, nem VERDI e nem PIAVE, esperavam problemas de censura. No entanto, esqueceram-se do principal, que era a igreja. O reverendo Lugani, em trieste sentiu-se na obrigação de protestar energicamente, apesar do libreto já ter passado pela Imperial e Real Diretoria de polícia.


Oque mais ofendeu o reverendo Lugani foi a ideia de um padre ser um homem casado, sujeito aos desejos da carne. Stiffelio, portanto, não poderia ser descrito como ministro. Tornou-se meramente um secretário. Tudo isso sem dúvida enfraqueceu o efeito da primeira apresentação da ópera em 16 de novembro. Não obstante, stiffelio foi calorosamente recebido pelo público e pela imprensa. Verdi teria a oportunidade de reescrever Stiffelio seis anos depois. Imediatamente após as apresentações triestinas de Stiffelio, Verdi foi com Piave a Veneza, a fim de obter a aprovação formal da censura veneziana para o libreto de La maledizione que a esta altura era o título provisório de Rigoletto. Esta aprovação, no entanto, não foi dada de imediato e Verdi continuou sua viagem de volta a Busseto deixando Piave encarregado de tratar da situação em sua própria cidade natal. Alguns dias depois, Verdi foi informado de que o libreto não fora aprovado para apresentação.


As opiniões divergem sobre as óperas pré-Rigoletto de Verdi, Nabucco e Macbeth são em geral igualmente aceitas como obras de primeira categoria e cada uma das outras têm seus defensores. Mas não há sentido em discutir Rigoletto que é indubitavelmente uma de suas obras-primas. Oque é mais notável a respeito desta ópera é o nível ininterrupto de inspiração. Como em suas duas óperas seguintes, o Trovador e La traviata peças companheiras de Rigoletto nesse grande florescer de seu gênio uma excepcional perspicácia psicológica se alia a um transbordamento melódico espontâneo que é maravilhoso. A partir de Rigoletto cada uma das óperas de VERDI teria seu próprio sabor individual, sua própria cor orquestral. Durante os ensaio de Rigoletto, Verdi disse a Varesi que nunca esperara fazer algo melhor do que o quarteto do último ano. Num certo sentido estava certo. Nem ele, nem ninguém mais poderia ter feito melhor, VERDI continuou a fazer diferentemente.












quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

 1848–1850

Pode parecer estranho que o compositor, que hoje associamos tão firmemente as aspirações italianas de independência da Áustria, devesse durante o ano de 1848 em que irrompeu a guerra entre sua terra natal e seus dominadores, permanecer em Paris, exceto por uma visita na primavera. Mas foi Giussepina Strepponi que manteve Verdi em Paris, apesar de não terem começado a viver juntos abertamente senão no verão, quando ocuparam uma casa em Passy, quilômetros do centro de Paris. Foi um ano em que as revoluções irromperam espontaneamente em grande número de países europeus e os parisienses rebelaram-se contra seu rei-cidadão em fevereiro.
Em 18 de março os soldados austríacos cometeram a estupidez de disparar sobre uma multidão em Milão, precipitando uma revolução naquela cidade. Durante cinco dias houve luta na rua. Ergueram-se barricadas a cidade inteira marchou e após escaramuças por todos os lados, os austríacos foram expulsos suas forças comandadas pelo general Radetzky retirando-se para posições fortificadas em Mântua, Peschiera, Legnano, e Verona. Quando Verdi recebeu estas notícias em Paris voltou rapidamente a Milão chegando no começo de abril após a paz ter sido restaurada ‘’Parti no momento em que soube das notícias” respondeu ele, em 21 de abril, a Piave que lhe escrevera de Veneza.
Enquanto isso de volta a frança onde passou os meses de verão com Giuseppina em Passy, Verdi e outros nove italianos eminentes que residiam em Paris escreveram em junho a pedido do ministro do exterior milanês, uma carta ao general Louis Cavaignac, o qual após alguns dos mais sangrantes conflitos de rua que a Europa já vira havia se tornado ditador temporário da frança, a carta conclamava a frança a correr em socorro da Itália em sua luta com a Áustria pela independência. ‘’não permita’’, termina o documento ‘’ que o delírio do sofrimento e com aparente razão erga-se o grito ‘infelizes os povos que acreditam nas promessas da frança’ ‘’.
Sem dúvida Verdi gostaria de ter encontrado mais temas italianos, porem permanece o fato de que de suas 26 operas 21 de originam de obras dramáticas ou literárias não italianas após II corsaro ele começou a procurar um tema patriótico. Conforme escrevera a giusti era difícil encontrar jovens poetas capazes de escrever libretos. No seu entender não havia talentos novos em cena, os mais jovens queixavam-se ele, achavam que haviam atingido a perfeição quando podiam alegar escrever tal como os bem-sucedidos libretistas da época como romani ou cammarano. Oque Verdi buscava era um poeta que não escreveria como antecessores, mas que criaria um texto operístico com alcance, força, variedade, novidade e liberdade da convenção. Exceto para Boito muitos anos depois ele, na verdade, não encontraria nunca um tal paradigma de todas as virtudes dramáticas.
Durante os conflitos de 1848, Verdi colocou seu talento especificamente a serviço da causa patriótica. A pedido do chefe revolucionário Giuseppe Mazzini, que ele conhecera em LONDRES no ano anterior, compôs uma canção de batalha sobre um poema ‘’suona la tromba’’, do jovem poeta romântico do Risorgimento, Goffredo Mameli que viria falecer nos conflitos em Roma no ano seguinte aos 22 anos. Quando enviou a música a Mazzini, em outubro de 1848, Verdi expressou a esperança de que ela ‘’logo seria cantada nas planícies da Lombardia, em meio a música dos canhões’’. A esta altura, no entanto, a luta nos campos de batalha da Lombardia já estava encerrada.
Os pais de Verdi haviam se mudado para a casa de fazenda am Sant’Agata, e estavam cuidando do gado. ‘’Quase todas as vacas foram felizes ao darem cria: ainda há uma que dará cria nos próximos dias e então organizei os estábulos’’, escreveu Carlo Verdi, ao filho. Somente dois anos depois VERDI e Giuseppina se mudariam para a villa sant’agata, Verdi tendo a essa altura mudado seus parentes para uma casa em Vidalenzo. Ele e Giuseppina passaram o verão de 1849 no palazzo dordoni, em Busseto onde Verdi ocupou-se com o término de Luisa Miller. No começo de outubro a ópera estava terminada exceto quanto a orquestração e em 03 de outubro Verdi e seu ex sogro, Antonio Barezzi, partiram para Nápoles enquanto Giuseppina ia visitar a mãe em Pávia.
(Verdi no centro da foto, com a Família esposa Giuseppina Strepponi e sua filha Adelaide Verdi Scarabotto (Strepponi)



  1853-1855 (PARTE 01) APÓS AS PRIMEIRAS RÉCITAS de La traviata, Verdi voltou a Sant'Aga-ta, Cesare de Sanctis tentou fazê-lo interessar...