1848–1850
Pode parecer estranho que o compositor, que hoje associamos tão firmemente as aspirações italianas de independência da Áustria, devesse durante o ano de 1848 em que irrompeu a guerra entre sua terra natal e seus dominadores, permanecer em Paris, exceto por uma visita na primavera. Mas foi Giussepina Strepponi que manteve Verdi em Paris, apesar de não terem começado a viver juntos abertamente senão no verão, quando ocuparam uma casa em Passy, quilômetros do centro de Paris. Foi um ano em que as revoluções irromperam espontaneamente em grande número de países europeus e os parisienses rebelaram-se contra seu rei-cidadão em fevereiro.
Em 18 de março os soldados austríacos cometeram a estupidez de disparar sobre uma multidão em Milão, precipitando uma revolução naquela cidade. Durante cinco dias houve luta na rua. Ergueram-se barricadas a cidade inteira marchou e após escaramuças por todos os lados, os austríacos foram expulsos suas forças comandadas pelo general Radetzky retirando-se para posições fortificadas em Mântua, Peschiera, Legnano, e Verona. Quando Verdi recebeu estas notícias em Paris voltou rapidamente a Milão chegando no começo de abril após a paz ter sido restaurada ‘’Parti no momento em que soube das notícias” respondeu ele, em 21 de abril, a Piave que lhe escrevera de Veneza.
Enquanto isso de volta a frança onde passou os meses de verão com Giuseppina em Passy, Verdi e outros nove italianos eminentes que residiam em Paris escreveram em junho a pedido do ministro do exterior milanês, uma carta ao general Louis Cavaignac, o qual após alguns dos mais sangrantes conflitos de rua que a Europa já vira havia se tornado ditador temporário da frança, a carta conclamava a frança a correr em socorro da Itália em sua luta com a Áustria pela independência. ‘’não permita’’, termina o documento ‘’ que o delírio do sofrimento e com aparente razão erga-se o grito ‘infelizes os povos que acreditam nas promessas da frança’ ‘’.
Sem dúvida Verdi gostaria de ter encontrado mais temas italianos, porem permanece o fato de que de suas 26 operas 21 de originam de obras dramáticas ou literárias não italianas após II corsaro ele começou a procurar um tema patriótico. Conforme escrevera a giusti era difícil encontrar jovens poetas capazes de escrever libretos. No seu entender não havia talentos novos em cena, os mais jovens queixavam-se ele, achavam que haviam atingido a perfeição quando podiam alegar escrever tal como os bem-sucedidos libretistas da época como romani ou cammarano. Oque Verdi buscava era um poeta que não escreveria como antecessores, mas que criaria um texto operístico com alcance, força, variedade, novidade e liberdade da convenção. Exceto para Boito muitos anos depois ele, na verdade, não encontraria nunca um tal paradigma de todas as virtudes dramáticas.
Durante os conflitos de 1848, Verdi colocou seu talento especificamente a serviço da causa patriótica. A pedido do chefe revolucionário Giuseppe Mazzini, que ele conhecera em LONDRES no ano anterior, compôs uma canção de batalha sobre um poema ‘’suona la tromba’’, do jovem poeta romântico do Risorgimento, Goffredo Mameli que viria falecer nos conflitos em Roma no ano seguinte aos 22 anos. Quando enviou a música a Mazzini, em outubro de 1848, Verdi expressou a esperança de que ela ‘’logo seria cantada nas planícies da Lombardia, em meio a música dos canhões’’. A esta altura, no entanto, a luta nos campos de batalha da Lombardia já estava encerrada.
Os pais de Verdi haviam se mudado para a casa de fazenda am Sant’Agata, e estavam cuidando do gado. ‘’Quase todas as vacas foram felizes ao darem cria: ainda há uma que dará cria nos próximos dias e então organizei os estábulos’’, escreveu Carlo Verdi, ao filho. Somente dois anos depois VERDI e Giuseppina se mudariam para a villa sant’agata, Verdi tendo a essa altura mudado seus parentes para uma casa em Vidalenzo. Ele e Giuseppina passaram o verão de 1849 no palazzo dordoni, em Busseto onde Verdi ocupou-se com o término de Luisa Miller. No começo de outubro a ópera estava terminada exceto quanto a orquestração e em 03 de outubro Verdi e seu ex sogro, Antonio Barezzi, partiram para Nápoles enquanto Giuseppina ia visitar a mãe em Pávia.
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