1850–1851
Os dois compromissos que Verdi tinha de honrar em 1850 eram escrever uma ópera para seu editor, Ricordi e outra para o teatro La Fenice de Veneza. A ópera para Ricordi deveria ser entregue no outono e seria responsabilidade do editor encaixá-la num teatro. Isso não representava problema, uma vez que qualquer teatro de ópera italiana ficaria encantado em produzir uma nova obra do principal compositor da época. O próprio compositor parece não ter se importado em saber a que teatro Ricordi ofereceria a ópera contanto que não fosse o LA SCALA.
Foi em março que Verdi aceitou a encomenda de escrever uma ópera a ser encenada no ano seguinte no teatro La fenice. Quando assinou um contrato em 28 de abril, no entanto, o tema da ópera ainda não havia sido escolhido. O veneziano Piave deveria ser o libretista e sugeriu alguns temas entre eles uma peça francesa, STIFFELIUS, e Le Comte Herman, de Dumas. VERDI, conheceu Le Comte Herman e o considerava inadequado para uma ópera. STIFFELIUS, era-lhe desconhecido, por isso pediu a Piave que enviasse um resumo da peça. Pessoalmente achava improvável que descobrissem algum propósito melhor do que Gusmano il Buono, adaptação de uma peça espanhola.
Piave enviou imediatamente a Verdi uma sinopse de STIFFELIUS, peça que ele assistira que era uma tradução italiana de le pasteur um drama de dois escritores franceses, Emile Souvestre e Eugene Bourgeous.
Animado com a perspectiva de compor para Veneza sua ópera baseada em Victor Hugo Verdi decidiu-se por Stiffelius como a obra que escreveria para RICORDI, esta deveria ser encenada no outono, no teatro grande de trieste por isso tornara-se agora a obrigação mais permanente. Piave produziu o seu libreto rapidamente e Verdi passou meses do verão escrevendo a ópera cujo titulo se tornou STIFFELIO.
Com uma ópera sobre as dificuldades conjugais de um ministro protestante, Stiffelio, o pastor, descobre que sua mulher lina lhe foi infiel, com o passar do tempo a perdoa, mas não antes de seu sogro haver matado num duelo o homem que a seduziu, nem VERDI e nem PIAVE, esperavam problemas de censura. No entanto, esqueceram-se do principal, que era a igreja. O reverendo Lugani, em trieste sentiu-se na obrigação de protestar energicamente, apesar do libreto já ter passado pela Imperial e Real Diretoria de polícia.
Oque mais ofendeu o reverendo Lugani foi a ideia de um padre ser um homem casado, sujeito aos desejos da carne. Stiffelio, portanto, não poderia ser descrito como ministro. Tornou-se meramente um secretário. Tudo isso sem dúvida enfraqueceu o efeito da primeira apresentação da ópera em 16 de novembro. Não obstante, stiffelio foi calorosamente recebido pelo público e pela imprensa. Verdi teria a oportunidade de reescrever Stiffelio seis anos depois. Imediatamente após as apresentações triestinas de Stiffelio, Verdi foi com Piave a Veneza, a fim de obter a aprovação formal da censura veneziana para o libreto de La maledizione que a esta altura era o título provisório de Rigoletto. Esta aprovação, no entanto, não foi dada de imediato e Verdi continuou sua viagem de volta a Busseto deixando Piave encarregado de tratar da situação em sua própria cidade natal. Alguns dias depois, Verdi foi informado de que o libreto não fora aprovado para apresentação.
As opiniões divergem sobre as óperas pré-Rigoletto de Verdi, Nabucco e Macbeth são em geral igualmente aceitas como obras de primeira categoria e cada uma das outras têm seus defensores. Mas não há sentido em discutir Rigoletto que é indubitavelmente uma de suas obras-primas. Oque é mais notável a respeito desta ópera é o nível ininterrupto de inspiração. Como em suas duas óperas seguintes, o Trovador e La traviata peças companheiras de Rigoletto nesse grande florescer de seu gênio uma excepcional perspicácia psicológica se alia a um transbordamento melódico espontâneo que é maravilhoso. A partir de Rigoletto cada uma das óperas de VERDI teria seu próprio sabor individual, sua própria cor orquestral. Durante os ensaio de Rigoletto, Verdi disse a Varesi que nunca esperara fazer algo melhor do que o quarteto do último ano. Num certo sentido estava certo. Nem ele, nem ninguém mais poderia ter feito melhor, VERDI continuou a fazer diferentemente.
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