sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

 1851–1853


VERDI Voltou a Busseto poucos dias após a estreia de Rigoletto com a mente já voltada para a sua próxima ópera. Ele e Cammarano mantiveram correspondência sobre a escolha do tema para uma obra que a esta altura já se decidira, escrevem para Napóles. Nesse estagio da sua carreira, no entanto, apesar de continuar a aceitar encomendas, Verdi começava a se preocupar muito mais com cada ópera isolada como uma entidade artística. Não era mais, necessariamente, uma questão de escrever uma ópera e então decidir que cidade teria a companhia mais adequada para executá-la.

Como VERDI chegou a conhecer a peça de GUTIÉRREZ, não se sabe. Não havia sido produzida em nenhum palco italiano, mas um cantor voltado de algum compromisso na Espanha pode ter-lhe trazido um exemplar, caso em que teria sido traduzido para ele, provavelmente por Giuseppina.

Alguns dias depois, VERDI e Cammarano, estavam se correspondendo sobre a ópera que iria tornar-se II TROVATORE. Cammarano expressou certas dúvidas a respeito da peça, um melodrama romântico com personagens implausíveis, e sugeriu umas poucas mudanças que Verdi mostrou-se relutante em aceitar. ‘’Você não me diz uma palavra sobre se gosta ou não da peça’’, queixou-se ele ao liberalista. Oque atraiu VERDI nesta peça foram suas fortes situações teatrais e a intensidade passional exibida pelos personagens: a cigana Azucena, divida entre sentimentos conflitantes de amor e vingança o conde de luna, impulsionado pelo desejo de cometer atos de louca violência, energia viril do trovador, Manrico. O que VERDI queria de CAMMARANO e no final não conseguiu, era um libreto cujas formas poéticas fossem novas e bizarras.

Em dezembro ele e Giuseppina partiram para Paris a fim de passar o inverno e fugir do tempo lugubre que as planícies lombardas sofreriam até o final de março, e sem dúvida também para evitar falatórios em Busseto. Enquanto Verdi e Giuseppina estavam em Paris, chegaram de Napoles noticias que Cammarano estava doente. O trabalho no trovador, que prosseguia a passos de tartaruga, agora cessara inteiramente, durante algum tempo. Mas, de qualquer forma, a atenção de Verdi havia sido distraída por outro tema.

Cammarano faleceu deixando O trovador inacabado. Os últimos versos que ele escreveu, oito dias antes de falecer, foram os da ária de tenor ‘’Di quella pira’’. Verdi pagou para a viúva do poeta 600 ducados em vez dos combinados 500, e por via de Sanctis contratou um jovem poeta napolitano para completar o libreto e fazer as revisões necessárias.

Com toda certeza La traviata é hoje vista não apenas como uma das óperas de maior qualidade e mais populares, mas também como um dos grandes dramas musicais do mundo. Talvez não tenha sido imediatamente reconhecida como tal devido a sua riqueza melódica: deve ter sido dura de engolir que um soberbo autor de drama musicais também conseguisse inventar uma tal prodigalidade de melodias e uma escrita tao lindamente expressiva para as cordas. Cada uma das grandes óperas em seu período médio tem a sua própria sonoridade distintiva. Em La traviata os matizes sombrios e melancólicos dê o trovador deram lugar a um som mais cálido nas cordas. Está é uma ópera em que todas as melhores qualidades de Verdi podem ser percebidas: sua mestria técnica, sua clareza, sua humanidade, sua penetração psicológica e seu gosto infalível.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

  1853-1855 (PARTE 01) APÓS AS PRIMEIRAS RÉCITAS de La traviata, Verdi voltou a Sant'Aga-ta, Cesare de Sanctis tentou fazê-lo interessar...